quarta-feira, setembro 22, 2004

Três poemas

Ao dar uma olhadinha no livro de Literatura Brasileira que peguei na biblioteca, deparei-me com uma boa análise dos poemas do Drummond. Transcreverei três poemas dele que estão no livro, mais antes, comentarei um pouquinho os três. Aviso: não farei crítica literária, não é a minha intenção.

O primeiro é "Cidadezinha Qualquer". Se alguém souber o livro de onde o poema foi retirado, agradeço, e mando um pedaço de bolo de chocolate. Desde a primeira vez que o li, foi inevitável lembrar de Esmeraldas, ou melhor, Esmerroça, cidadezinha onde a Vanessa (Ilirïa) trabalha e vive. Pois bem: Van, esse poema é para você, de mineiro para mineiro, e saiba que a descrição do cidadão esmeraldino ficou hilária!!
Obs: Drummond é mineiro de Itabira. Ele também fez um poema sobre a cidade natal dele, chamado Confidência do itabirano. Qualquer dia posto o poema aqui.


Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.


O segundo, é "As sem - razões do amor". Está no livro "Corpo", de 1984. O poema mostra que o amor não possui motivações nem explicações complexas. Amor é amor e pronto,acabou. Acho que ele devia ser obrigatório em repertório de menino romântico que começa a namorar, juro que me derreteria se alguém recitasse este poema para mim. E ficaria mais feliz se o sujeito, depois de recitar o poema, me desse o Álbum Branco dos Beatles de presente.
Obs. irrelevante (ou não): hoje é dia dos amantes!


As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuca nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


O último é o clássico "Mãos dadas". O Drummond o escreveu durante uma época conturbada, nos anos 40. O poema possui um tom meio pessimista, mas, no fundo, mostra que quando as pessoas unem-se, vencem qualquer coisa. A segunda estrofe é anti-escapista, fala que, por mais que esta vida seja uma bosta, ainda existem coisas boas e vale a pena viver.
Não tem nada a ver com o poema, mas lembrei agorinha de um pedaço de "Natália", da Legião Urbana: "Aescuridão ainda é pior que esta luz cinza/ Mas estamos vivos ainda".
Bem, vamos ao poema:


Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paiasagem vista da janela,
nãos distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.


Uma dúvida: não sei se este poema é do livro "Sentimento do Mundo" ou" A rosa do povo". Um pedaço de bolo para quem me der a resposta.


Melhor parar por aqui. Hoje é dia de supermercado. Um abraço a todos.


Ps: Dona Clauss, trate de abandonar esta tristeza. Sorria, porque a vida ainda é bela.

2 comentários:

Anônimo disse...

NOSSA CARA EU TÔ MEIO DEPRE HOJE ALGUNS E BLOGS JAH ME DEIXAM MEIO ASSIM..
NAUM SIE PQ MAS ESTOU FELIZ DE LER ALGO JAHQ TE CONHEÇO A TANTO TEMPO PELO ICQ E NUNCA VI NADA SEU
QQ COISA OLHE O MEU FLOG
www.fotolog.net/oneiric bjus !!

Anônimo disse...

O poema é do livro Sentimento do Mundo.